sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Espetáculo PROTOCORPOS

Apresentação de dança. Diversas composições corporais acerca do tema "transformação", usando como referência conceitual os estudos da movimentação feitos por Rudolf Laban.
A Rede como possibilidade transformadora do ESPAÇO.
Conclusão do Curso de Formação do Bailarino-Intérprete Pesquisador em Dança - Acupe.
Direção: Paulo Henrique
12/03/2011
13/03/2011
19h30

ESTAÇÃO CULTURAL SENADOR JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES
Av. Beira Mar, 999
Piedade - Jaboatão do Guararapes - PE
(81)3424-8704

proposta/esboço de trilha


download do mix de músicas do ''eletric dimension'' - portishead

divisão dos momentos:

1. casulo [00:00 - 00:58] into the cabinet
2. caminhada [1:00 - 03:00] the path
3. construção [ 03:23 - 05:15] deranged
4. focos [ 05:30 - 09:20] neocafe (05:30 - 06:20) + confusion (06:30 - 09:20)
5. uníssono [ 09:33 - 12:33] adventures in orienta
6. saída [ 12:35 - 13:32] in the rubbertree forest

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Hoje foi um daqueles dias em que se diz "que dia!". Manhã dourada, praia verde jade, céu plumificado de nuvens, nossa cútis aberta, o poder feminino, pensamentos em rede, interligação de experiências, o fluxo do dia, o peso de criar em tempo de contruir espaços, cada vez mais tensionados em suas interligações.
Interferir no espaço do outro sem, no entanto, o anular, mas provocar. Onde meu espaço começa e em qual linha tênue o seu termina? 
Dos processos de irradiação energética para a materialização das composições corporais,

Paula.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

irmã do pai

Sou filha do padre. Com a freira. Não é licença poética, meu pai era seminarista quando conheceu minha mãe num 'encontro carismático' no convento. Casaram, nasci. Há relatos que apontam para que, na verdade, eu seja a irmã gêmea do meu pai. Certa vez, aos 3 anos de idade, disse para minha tia, à noite: "eu sou Mônica". Mônica era o nome da irmã gêmea do meu pai que morreu quando recém nascida. REDESPIRITUAIS
Outra vez, aos cinco anos, perguntei à minha mãe: "antes da gente nascer, a gente fica onde?". Ela respondeu que ficava com Papai do céu.
Aí fico realmente viajando - como diz Carlinha - que se eu fosse irmã do meu pai, na verdade minhas tias seriam minhas irmãs, minha avó seria minha mãe, minha prima criança seria minha sobrinha. E sabe o que é mais viajado? É que tudo isso parece que é verdade. Eu e meu pai somos parecidos - até demais saco. Relação de 'comadre' com as tias. Relação de tia com a prima de 4 anos. Minha avó sempre pergunta "como pode uma avó amar tanto uma neta assim?"
E eu ainda me pergunto, qual o nosso lugar antes de existir? inconsciência?
Isso implicaria dizer que estamos/somos conscientes. Somos?
De onde viemos e pra onde vamos?
Onde estamos? Temos consciência das circunstâncias que nos levam para lá e para cá, dali para acolá?
Começamos a observar um sistema que parece invisível, mas está ali: A Rede. Rede de amigos, familiares, colegas, paixões, inimigos, de empresas, colecionadores, vendedores, de museus, educadores, artistas, galerias, companhias, cientistas, academias, rede de emissoras, rede de pesca, de cabelo, de dormir, rede de computadores, na Rede.
A quantas pessoas, lugares e possibilidades você está conectado? Os tracejos da sua rede te põem em que lugar? Como você atua nesse espaço e interage com o espaço do outro?
Mover-se entre os espaços. Criar e ativar o próprio espaço, modificar a experiência do outro, dos outros, de si.

Paula Frassinetti

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Mestiça

Sou filha de sangue de um descendente de portugueses, de mãe cabocla, de avó holandesa, tive minhas noites embaladas por outra criança negra que veio do interior de Pernambuco, de uma cidade chamada Limoeiro, trabalhar na minha casa, vivia quando pequena brincando de rodas e de bonecas, pião, bola, pipa e bicicleta, estudei numa escola de tradição católica, mas minha mãe me levava pro terreiro de macumba por que ela era espírita e gostava de dançar lá, participava na rua da casa do meu avô português de quadrilha, com seus balancês, anarriê, alavantour, gosto de banho de mar, de rio e de cachoeira, adoro macaxeira e farinha de mandioca, sou branca, olhos verdes, cabelos com cachos e boca carnuda, minhas formas são arredondadas, mas sou magra, toco alfaia no grupo tambores de quilombo, participo no carnaval do bloco dos esquisitos que sai no Galo da Madrugada, sou bailarina de dança Contemporânea, treino no Recife Antigo, próximo a Rua dos Judeus e do Paço Alfândega, meu sobrenome é Amaral de descendência árabe Al-amar, e Bastos que é um nome de uma cidade portuguesa, mas também de judeus alemães, sou mãe, meus filhos me chamam de mainha, meu marido escolheu uma frase pra mim ele diz que me sinto estrangeira em todo lugar, por que pra onde eu vou as pessoas parecem olhar espantados ou com estranhamento pra mim, já vou responder pra ele que na verdade é meu centro que não está em parte alguma, sou de encontros, de cruzamentos e talvez as pessoas sintam isso, que em mim está o outro, e que eu gosto de ser esse eu, eu é o outro.
                                                                                                                    Carlla do Amaral

Cruzamentos

Identifico-me com os encontros, resultado de cruzamentos, de veia pulsante, sangue, raiz, massa, pensamento, partes que compõem uma rede, rede tecida por diferentes mãos, eu e meus outros, eu e o outro.
Carlla do Amaral